RIVALIDADES NO COLLEGE: #1 – DUKE VS. NORTH CAROLINA

Quem acompanha basquete universitário já está acostumado a marcar no calendário as datas em que Duke Blue Devils e Carolina do Norte Tar Heels vão se enfrentar. Mas esse é o típico confronto que merecia ser apreciado por qualquer amante do esporte, principalmente os fãs da bola laranja.

Em 2000, a ESPN fez uma pesquisa que classificou esse confronto como sendo a terceira maior rivalidade esportiva da América do Norte. Outro ranking, dessa vez da edição de 18 de novembro de 2003 da “Sports Illustrated on Campus”, classificou a disputa como a “Rivalidade Mais Quente” no basquete universitário e a segunda maior rivalidade de todos os tempos. Não é pouco.

PROGRAMAS E PROXIMIDADE
Dois fatores que contribuem para criar todo clima de rivalidade são o modelo das universidades e a proximidade de seus câmpus.
Enquanto Duke é uma instituição privada, Carolina do Norte é uma universidade pública. Logo de cara temos uma diferença grande entre suas estruturas e cultas de financiamento do programa esportivo (http://abre.ai/livro_01 ).

O segundo fator determinante para acirrar essa rivalidade é o fato das duas universidades estarem separadas por apenas 15 km de distância ao longo da rodovia conhecida como Tobacco Road. Em linha reta, essa distância é de 12km ou 13km (http://abre.ai/livro_02).

 

NO TOPO
Apesar das diferenças entre o ensino e estrutura pública e privada, Carolina do Norte e Duke estão na elite do basquete universitário há décadas com dois dos programas mais vitoriosos na NCAA.

Juntas, as duas universidades somam 11 títulos da NCAA:
A Carolina do Norte tem 6 conquistas (1957, 1982, 1993 , 2005, 2009 e 2017) e ainda considera outro título nacional, já que levou Campeonato da Fundação Helms em 1924.
Já Duke faturou 5 títulos da NCAA (1991, 1992, 2001, 2010 e 2015), todos sob o comando de Mike Krzyzewski, o ‘Coach K’ – ele está no comando do basquete de Duke desde 1980 (e ainda encontrou tempo para levar três medalhas de ouro olímpicas como técnico principal da seleção dos EUA em 2008, 2012 e 2016.

 

O ‘START’ DA RIVALIDADE
O primeiro jogo entre as universidades aconteceu em janeiro de 1920, quando a Carolina do Norte venceu Duke (que ainda chamava Trinity College) por 36 a 25. Mas a coisa começou a esquentar mesmo, acredita-se, na década de 1960, quando o Art Heyman assinou uma carta de intenções para jogar na Carolina do norte, mas, no estouro do cronômetro, resolveu fechar com Duke.

Logo nas primeiras partidas por Duke, num jogo entre calouros das universidades, houve uma briga generalizada e Heyman saiu de quadra com cinco pontos na cabeça. Num outro jogo, em fevereiro de 1961, Heyman chegou a se enroscar com um torcedor e saiu na mão com Larry Brown.

Resumindo: a pancadaria durou cerca de dez minutos e, apesar de Heyman ter sido expulso, seus 36 pontos deram a Duke a vitória, por 81 a 77.

Apesar das brigas, o sucesso de Heyman na faculdade o levou a ser a primeira escolha geral do draft da NBA de 1963, feita pelo New York Knicks.

 

JOGOS INCRÍVEIS
Embora as confusões e brigas não sejam tão raras, as duas equipes proporcionaram jogos memoráveis ao longo desses cem anos de rivalidade, muitos deles vencidos por um ponto, uma cesta no estouro do cronômetro…

Dois confrontos bem recentes ainda estão vivos na memória do torcedor e do amante do basquete.

O primeiro, em 20 de fevereiro de 2019, quando a Carolina do Norte venceu Duke (88-72). Num jogo que ficou conhecido pela lesão de Zion Williamson na primeira posse de bola de Duke, quando seu tênis abriu e ele acabou sofrendo uma entorse leve no joelho direito.

O segundo, em 8 de fevereiro de 2020, com um final bem mais feliz para Duke: vitória por dois pontos na prorrogação (98-96). Tempo extra que só foi possível pela ousadia e qualidade de Tre Jones que, restando 4 segundos, chutou o lance-livre no aro, pegou o rebote e empatou 84-84.
Outros jogos históricos estão listados mais abaixo.

Nesse confronto histórico e cheio de rivalidade, a vantagem é do azul celeste.
Desde 1920 foram 253 jogos:
– 139 vitórias da Carolina do Norte
– 114 de Duke.

Maior vitória:
Carolina do Norte: 37 pontos (1921)
Duke: 35 pontos (1964)

Maior sequência de vitórias:
Carolina do Norte, 16 (1921–28)

 

FÁBRICA DE TALENTOS
Além de grandes jogos, Duke e Carolina do Norte também nos presentearam com grandes estrelas que depois brilharam na NBA.
A Carolina do Norte apresentou ao mundo ninguém menos do que Michael Jordan, que jogou por lá de 1981 a 1984.
Além dele também surgiram por lá Sam Perkins, Rasheed Wallace e Vince Carter, que já dava suas enterradas no College entre 1995 e 1998 (http://abre.ai/carter_college).

Do lado de Duke, saíram jogadores como o campeão olímpico Jeff Mullins; Luol Deng, que foi a 7ª escolha do draft em 2004 feita pelo Phoenix Suns e que depois acabou trocado com Chicago Bulls ; Kyrie Irving, que foi a primeira escolha geral pelo Cleveland Cavaliers em 2011 (http://abre.ai/irving_college); Jayson Tatum, 3ª escolha do Boston Celtics no draft de 2017 (http://abre.ai/tatum_college); e, mais recentemente, Zion Williamson, 1ª escolha geral de 2019 feita pelo New Orleans Pelicans (http://abre.ai/zion_college).

Aliás, em 2019, Duke se juntou à Flórida como o único programa de faculdade na história da NBA a ter três jogadores selecionados no top 10 de um único draft.
Só para não deixar passara… Ao todo, 41 jogadores de Duke foram selecionado na primeira rodada do draft da NBA na era ‘Coach K’.

No draft da NBA de 2019, na primeira rodada – onde são selecionados os 30 primeiros nomes – foram seis jogadores vindos dessas duas universidades, sendo três de cada:

Por Duke tivemos:
1ª escolha – Zion Williamson (Pelicans)
3ª escolha – RJ Barrett (Knicks)
10ª escolha – Cam Reddish (Hawks)

E pela Carolina do Norte:
7ª escolha – Coby White (Bulls)
11ª escolha – Cameron Johnson (Timberwolves – trocado com o Phoenix Suns)
25ª escolha – Nassir Little (Blazers)

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PLUS 01 – ALGUNS JOGOS HISTÓRICOS
Vários jogos estão listados aqui – http://abre.ai/lista_de_jogos

TRÊS PRORROGAÇÕES
2 de março de 1968: Duke 87 x 86 Carolina do Norte
Duke derrotou a Carolina do Norte por 87 a 86 em uma prorrogação tripla no Duke Indoor Stadium (depois, rebatizado de Cameron Indoor Stadium). Fred Lind, que pouco era aproveitado, fez chover: 16 pontos e 9 rebotes – vale destacar que ele fez 21 pontos durante toda a campanha.
Herói improvável, Lind levou o Blue Devils para a prorrogação ao impedir o chute de Carolina do Norte no final do tempo normal e ainda converteu dois lances livres no final da primeira prorrogação.

 

ESTREIA DE COACH K
28 de fevereiro de 1981: Duke 66 x 65 Carolina do Norte
Na temporada de estreia de Mike Krzyzewski, Duke começou devagar mas embalou na reta final. Nesse encontro, os rivais ficaram trocando cestas até dois lances livres de Sam Perkins darem a Carolina do Norte uma vantagem de 58-56, com dois segundos para jogar. Banks levou o jogo para o tempo extra com um belo jumper. Ele também brilhou no overtime, garantiu a vitória de Duke e terminou como cestinha com 25 pontos – Perkins marcou 24 para Carolina.

 

JOGO DURO E 49 FALTAS
12 de março de 1989: Carolina do Norte 77 x 74 Duke
Em um dos encontros mais intensos da história dessa rivalidade, Carolina do Norte venceu por três pontos (77-74) na final da conferência – o primeiro título do time em sete temporadas.
A equipe liderou a maior parte do jogo, foi para o intervalo na frente (39-35), mas nunca conseguiu ampliar a vantagem. Num jogo com 49 faltas marcadas entre os dois times, Carolina do Norte venceu quando cercou e impediu o chute da linha dos três pontos de Ferry e o tempo expirou.

 

O TEMPO FECHOU
5 de fevereiro de 1992: Carolina do Norte 75 x 73 Duke
Em um jogo muito equilibrado – como sempre – e com jogadas mais duras – como quase sempre -, as duas equipes se alternaram no placar o tempo todo.
Derrick Phelpsfaltando acertou dois lances livres para Carolina do Norte restando poucos segundos para garantir a vantagem de 75–73. Christian Laettner teve dois arremessos para empatar, mas errou os dois.
Mas as imagens mais marcantes desse confronto são outras. Como a de Eric Montross, da Carolina do Norte, que levou duas cotoveladas no rosto e parecia mais um boxeador sangrando em quadra. Já Bobby Hurley quebrou o pé durante o jogo, e mesmo assim continuou em quadra.

 

NARIZ QUEBRADO
4 de março de 2007: Carolina do Norte 86 x 72 Duke
O placar não foi tão apertado como outros confrontos. Mas o lance marcante desse duelo foi uma falta de Gerald Henderson, que acertou o cotovelo no nariz de Tyler Hansbrough com 14,5 segundos no relógio. Hansbrough quebrou o nariz no lance e Henderson foi expulso do jogo. Apesar da cena forte, tanto Henderson quanto Hansbrough, declararam que a falta não foi intencional. Mas, para proteger seu nariz quebrado, Hansbrough usou uma máscara facial no restante da temporada.

PLUS 02 – A ORIGEM DOS NOMES

NOME DE GUERRA
O próprio nome das equipes já revela um pouco da história por trás dessa rivalidade.
Duke, por exemplo, tem um demônio azul como mascote e no nome: Blue Devils.
A primeira vez que o termo foi usado que se tem conhecimento é de 4 de outubro de 1922, depois da Primeira Guerra Mundial, que foi de 1914 a 1918 e onde os EUA apoiaram os aliados (tríplice entente formada por – Grã-Bretanha, França e Rússia).

Durante a Primeira Guerra Mundial, os soldados franceses ficaram conhecidos como “les Diables Bleus”, ou “os demônios azuis”, famosos por sua coragem (http://abre.ai/soldados_franceses).
Já em 1920, vários nomes foram sugeridos para os programas esportivos da Universidade de Duke, como Blue Eagles, Blue Warriors e Blue Devils.

Antes da temporada de 1922-23, o jornal universitário “The Trinity Chronicle” publicou pela primeira vez a expressão que, ao contrário do que eles mesmos esperavam, pegou. Afinal de contas, essa era a primeira turma do pós-guerra e entre os alunos havia muitos veteranos que estiveram na 1ª Guerra que retornavam para os EUA. Então, o nome não precisava de explicação (http://abre.ai/historia_blue_devil).

 

PÉS DE ALCATRÃO
Já o programa esportivo da Carolina do Norte, uma universidade pública, é chamado de Tar Heels, um apelido que tem uma origem bem mais humilde. Numa tradução livre isso significa: calcanhar de alcatrão.

Alcatrão é uma substância pegajosa, escura e de cheiro forte que sai da destilação de carvão, por exemplo.
Acontece que, no início da história da Carolina do Norte, o estado era um dos principais produtores de suprimentos para a indústria naval.
Ai, o que acontecia: a galera que trabalhava queimando galhos de pinheiro para produzir alcatrão, trabalhava descalça no verão. E, claro, ficavam com os calcanhares sujos de alcatrão.
Então, chamar alguém de “calcanhar de alcatrão” significava que eles trabalhavam em um comércio humilde.
Durante a Guerra Civil os soldados da Carolina do Norte usaram isso como uma expressão de orgulho de suas origens. Então, quem vem da Carolina do Norte sempre foi Tar Heels.

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