LEN BIAS: A LENDA QUE NUNCA ENTROU EM QUADRA

“Ele pulava e seus joelhos estariam nos meus dentes…e tenho 1,88m.”
Reginald Adams, rival no High School

“Muita gente dizia que aquele arremesso era o que o diferenciava de Michael Jordan, e poderia ter tornado ele um melhor jogador”
Keith Gatlin, armador na Universidade de Maryland (1985/86)

“É o mais próximo de Michael Jordan que sairá em um longo tempo”
Ed Badger, olheiro dos Celtics

“Em toda minha história em Duke tiveram dois jogadores que me chamaram a atenção: Michael Jordan e Len Bias”
Mike Krzyzewski (Coach K)

Poucos são audaciosos ao ponto de discordar da máxima de que não existiu na história do basquete alguém melhor que Michael Jordan. Mas, tanto os fieis súditos quanto os mais corajosos que deixam MJ apenas como “um dos melhores de todos os tempos”, concordam que, não fosse uma tragédia, a estrela teria um adversário à altura enquanto brilhava com o Chicago Bulls.
Trata-se de Len Bias, uma lenda do basquete no High School e no College que foi draftado pelo Boston Celtics, mas que nunca entrou em quadra na NBA.

INÍCIO
Nascido em 18 de novembro de 1963, Leonard Kevin Bias nasceu e cresceu nos subúrbios de Maryland, em Washington.
Concluiu o ensino médio na Northwestern High School, antes de frequentar a Universidade de Maryland (http://abre.ai/maryland).
Foi no College que o ala de 2,03m começou a despertar interesse das franquias da NBA e ser comparado com Michael Jordan, com quem chegou a duelar nos tempos de universitário (http://abre.ai/bias_jordan).

ARRASADOR
Em quatro anos de College, o Len Bias teve médias de 16,4 pontos, 5,7 rebotes e 53,6% de aproveitamento dos arremessos de quadra (http://abre.ai/bias_highlights). Números bem próximos aos registrados por Jordan na Carolina do Norte antes de ser escolhido pelo Bulls no draft de 1984 – 17,7 pontos, 5 Rebotes e 54% de aproveitamento.

A melhor performance do Len Bias no College foi na última temporada, em 1986, quando em um jogo contra Carolina do Norte que foi até a prorrogação, anotou 35 pontos, sendo 7 nos últimos três minutos do período regular e 4 no tempo extra (http://abre.ai/bias_sensacional).
Em seu período universitário foi duas vezes All-American, e outras duas vezes Jogador do Ano da conferência (ACC), onde também foi escolhido em duas oportunidades para o Primeiro Time.

DRAFT
Com todas essas credenciais, Len Bias era o grande prospecto para o draft de 1986. Um draft de peso, diga-se. Ainda na primeira rodada, o Portland Trail Blazers selecionou o lituano Sabonis, e o Detroit Pistons escolheu Dennis Rodman.
A primeira escolha geral foi do Cleveland Cavaliers, que optou pelo pivô Brad Daugherty, o ‘Big Dukie’ (http://abre.ai/brad_highlights). Mesmo sendo ídolo do Cavs, acabou abandonando as quadras após oito temporadas devido às lesões.

Mas a espera de Len Bias durou cerca de dez minutos. Com a segunda escolha geral, o Boston Celtics, campeão na temporada anterior, o selecionou (http://abre.ai/draft_1986).

Essa escolha só foi possível por uma negociação feita em 1984, onde Red Auerbach, lendário técnico e gerente do Celtics, trocou Gerald Henderson e mais um valor em dinheiro com o Seatle SuperSonics para ter a segunda escolha feita dois anos depois – e que gerava expectativa para ser “o próximo Michael Jordan”, ou seja, o Len Bias.
A intenção de Red Auerbach era que Len Bias mantivesse Boston no caminho das vitórias após a aposentadoria de Larry Bird.

Tudo caminhava para que a jovem promessa vestisse a camisa número 30 do time que, além de Bird, contava com Dennis Johnson, Robert Parish, Kevin McHale e companhia.
Acontece que essa história que tinha tudo para ser o início da caminhada de um dos grandes nomes do esporte, terminou pouco mais de 40 horas depois do draft e da forma mais trágica possível.

A TRAGÉDIA
O draft aconteceu numa terça-feira, 17 de junho de 1986 e, depois de ser selecionado pelo Celtics, Len Bias voltou para sua cidade natal para comemorar com alguns amigos.
Nessa comemoração, eles decidiram usar cocaína. Horas depois, o jogador teve uma overdose, sofreu uma parada cardiorrespiratória e, mesmo com as ambulâncias chegando em 4 minutos após a ligação, morreu aos 22 anos (http://abre.ai/len_bias_dead).

Na época, houve muita discussão se ele era ou não usuário constante de drogas, afinal, ele passava por testes físicos regularmente na Universidade de Maryland e também passou por testes solicitados por três times da NBA que estavam de olho nele: New York Knicks, Golden State Warriors e o próprio Celtics.

REPERCUSSÃO
Considerada por muitos jogadores, jornalistas e torcedores a maior tragédia do basquete, a morte de Len Bias, da maneira como foi, por overdose e poucas horas depois de ser draftado pelo atual campeão da NBA, caiu como uma bomba e revelou inúmeras falhas no sistema. Desde a desconfiança sobre os resultados nos testes feitos anteriormente até o próprio programa de Maryland, que aprovou Len Bias sem ele ter completado os créditos necessários.

O impacto dessa tragédia nos EUA foi enorme e não ficou limitado à quadra de basquete, tanto que a Lei Antidrogas de 1986 nos EUA foi assinada pelo Presidente Ronald Reagan poucos meses depois da morte de Len Bias, em 27 de outubro de 1986.

No funeral dele, quando 11 mil pessoas foram acompanhar, Red Auerbach revelou que há vários anos tentava contratá-lo e admitiu que a morte do jovem era o golpe mais duro para a cidade de Boston desde o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963.

Tempos depois, Larry Bird, que prolongou a carreira até 1992, foi categórico ao afirmar que teria se aposentado muito antes se Len Bias tivesse jogado pelo Celtics e assumido o papel de protagonista na equipe. (http://abre.ai/entrevista_bird).

E SE…
“E se Len Bias não tivesse morrido naquela noite de 19 de junho de 1986”…. É uma dúvida e uma dor eterna dessa disputa que, infelizmente, o esporte perdeu para as drogas.
Tirando alguma falha de percurso que temos, como as lesões, certamente o duelo Jordan vs. Bias seria épico.
Jornalista da ESPN, Michael Wilbon resume bem: “Quem teve o prazer de o ver jogar acredita que Bias teria sido para Michael Jordan o que Larry Bird era para Magic Johnson.”
Não precisa falar mais nada.

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