Em assembleia geral realizada via videoconferência nesta segunda-feira (dia 04/05), os clubes que disputam o NBB decidiram, de forma unânime, pelo cancelamento da temporada 2019/2020. Mesmo contando com um projeto que poderia viabilizar o retorno da competição nos próximos meses, as equipes não tiveram segurança em relação ao controle da pandemia no Brasil e optaram por preservar a saúde de todos os profissionais envolvidos com a competição, além de agir com responsabilidade diante do impacto financeiro gerado pela crise econômica mundial.
Neste momento, a contaminação do COVID-19 está em diferentes estágios em cada estado brasileiro e isso impacta diretamente a primeira etapa do projeto de retomada do NBB: o início dos treinamentos. Para que o NBB pudesse retornar, todos os times precisariam reiniciar as atividades ao mesmo tempo, mas hoje, os clubes vivem realidades distintas em relação às medidas de isolamento em suas respectivas regiões.
“Nós fomos até o estouro do cronômetro. Ouvimos todos os personagens que fazem do NBB uma das competições mais admiradas do Brasil. Sentamos semanalmente com todos os clubes, atletas, técnicos, árbitros, patrocinadores, parceiros de mídia, e criamos um projeto para retomar a competição. É triste ter que encerrar a temporada e não queríamos isso, mas saímos dessa experiência convictos que fizemos tudo o que foi possível”, afirmou o presidente interino da LNB, Nilo Guimarães.
Nas últimas duas semanas, os clubes avaliaram o projeto realizado pela equipe multidisciplinar, que foi formada para buscar as alternativas para a retomada do NBB. O material continha um estudo de todos os procedimentos médicos necessários e recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além da avaliação financeira, estrutural e de logística para execução dos jogos de playoffs.
Dividido em três fases, o projeto incluía as avaliações físicas dos atletas na volta aos treinos, todo o período de treinamento e o recomeço da competição. Esse processo era previsto para durar cerca de 40 dias. A testagem de todos os profissionais envolvidos na retomada do NBB também estava no projeto em diversas etapas da programação, com um total de 2000 testes.
“Se nós vivêssemos num país que estivesse mais avançado em relação à pandemia, poderíamos cravar hoje o retorno do NBB. O relatório realizado pela equipe multidisciplinar foi muito bem preparado e teria viabilidade para execução. Porém, nesse momento, o Brasil ainda não apresentou evoluções e não é possível seguir com o processo agora”, afirmou Dr. Diego Gadelha, diretor médico da Unifacisa e um dos líderes médicos do grupo multidisciplinar da LNB.
Desde o dia 13 de março, quando a LNB tomou as primeiras providências em relação à disseminação do COVID-19 no Brasil, todas as semanas foram marcadas por constantes reuniões com os diversos stakeholders envolvidos com o NBB. Além dos dirigentes dos 16 clubes que atuaram na atual temporada, jogadores, técnicos, árbitros, patrocinadores e agentes de atletas estiveram em contato com o corpo executivo da Liga em diversos encontros virtuais.
Num dos primeiros encontros, os clubes aprovaram uma forma de auxiliar financeiramente os árbitros que atuaram no NBB. Diferente de outros profissionais que possuem vínculo empregatício com as organizações esportivas, o quadro de arbitragem presta serviço para a entidade, sendo remunerados a cada partida atuada.
Outro assunto apresentado em reunião e aprovado pelos clubes foi a redução de até 20% no salário base do corpo executivo da Liga Nacional de Basquete durante esse período de suspensão da temporada. A medida fez parte de um pacote de economia de despesas dentro do orçamento global da entidade.
“Como ocorreu em toda a história da Liga Nacional de Basquete, desde a criação até hoje, tomamos todas as decisões em conjunto. Essa sempre foi a essência dessa organização. Esgotamos todos os temas e possibilidades, e já estamos nos preparando para os próximos passos que teremos que dar nesse momento tão difícil que o mundo está enfrentando”, afirmou Carlos Renato Donzelli, presidente do conselho do Sesi Franca Basquete e vice-presidente financeiro da LNB.
Nesse período, a Liga Nacional de Basquete também se reuniu com os patrocinadores e parceiros de mídia, peças fundamentais para o sucesso da competição. Em reuniões periódicas de atualização com o departamento de marketing da entidade, os parceiros oficiais do NBB demonstraram total apoio às decisões tomadas pelas equipes não somente em relação ao atual momento, mas também para os próximos passos que serão dados no futuro.
“O processo inteiro foi impressionantemente bom. Tomamos as decisões juntos, o tempo todo. Tenho certeza que realizamos ações que fortalecem ainda mais o conceito da Liga, como as criações das comissões, a conversa com todos os personagens envolvidos com a competição e o debate constante com os parceiros para seguirmos evoluindo o NBB nas próximas temporadas”, comentou Marcelo Vido, diretor executivo de esportes olímpicos do Flamengo e vice-presidente de Marketing da Liga.
Outra informação importante definida pelos clubes na assembleia geral é que a classificação final da fase regular da temporada 2019/2020 do NBB será mantida para definir, somente, quais equipes irão representar o Brasil nas competições internacionais na próxima temporada. Tanto Baskteball Champions League Americas quanto a Liga Sul-Americana ainda não definiram seus regulamentos para a definição oficial de quantos times brasileiros serão convidados para cada disputa.
“Infelizmente, o momento atual não é favorável a uma possível volta. Hoje, não temos certeza de segurança aos atletas, técnicos, árbitros e funcionários da liga para poderem trabalhar com tranquilidade”, afirmou Guilherme Teichmann, ala/pivô do Corinthians e presidente da AAPB (Associação de Atletas Profissionais de Basquete).
Segundo Teichmann, os representantes dos atletas dentro dos clubes que atuam no NBB também votaram pelo cancelamento da temporada de forma unânime na reunião realizada pela AAPB.
“Não conseguimos voltar agora, mas temos certeza de que, juntos e com essa conversa aberta entre todas as frentes, vamos superar esse momento e voltar para às quadras quando for possível”, completou.
Para a sequência do trabalho e o planejamento da próxima temporada, os clubes aprovaram também a continuidade das comissões interdisciplinares, com os encontros periódicos entre clubes, atletas, técnicos e todos os personagens que atuam no NBB.
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